O que existe é o meio e a falta dele.
Não que existam mais coisas. Só há o meio, logo, se ele falta, falta a única coisa que há. É como o fato de ter como comer, mas não ter fome. Você tem os meios de satisfazer algo que você não tem. O que é muito triste. Mas muitas vezes as causas não são inerentes a você. É tudo culpa do mundo. A coisa mais escrota que há. É o mundo em si, meu mundo, nosso mundo, nosso espelho reflexivo. Odeio sociologia. O ser humano devia ser a coisa que menos pudesse ser estudada. Se lembram da época em que era proibido abrir pessoas vivas? Da época que Nero mandou abrir a barriga da própria mãe para ver de onde viera? Então, tudo devia ser assim, o ser humano só seria vislumbrado em sua complexitude por loucos, que em verdade vos digo, só fariam isso por serem o que seriam.
Eu não sei mais o que esperar de coisa alguma. Talvez a vida não seja mais esperas. Talvez ela seja? Por que não? Eu não sei, e digo que sou muito feliz por isso. Imagina, se eu soubesse de só mais uma coisinha a mais que ninguém sabe, eu estaria fodido ao extremo.
Adoro estar no ponto que estou. É o verdadeiro ponto sem retorno. Nada mais voltará a ser como era antes. É foda. Foda mesmo. Eu queria ter uma mesada de muitos milhões de dólares, ou euros, e vivesse em conformidade com minhas próprias normas. Eu estou com pena do mundo, e mais pena ainda de Deus, que construiu tudo à sua imagem e teve a melhor resposta que poderia ter. As criações que viemos a colocar no mundo, nada mais são do que pretéritos imperfeitos em nossas vidas.
Eu comecei a perceber que sim, vou ficar sozinho no mundo e não terei com quem conversar. Não que as conversas não existirão, mas serão apenas monólogos. Não sei se da vagina, do pênis, da buceta ou do caralho, serão verdadeiros borra-botas.
A vida é nosso Karma, mas não das vidas passadas, karmas dos dias-a-dias. Talvez sejam até lições, mas a culpa de termos que ser ensinados de maneira tão preementes é nossa.
Tenho raiva do nosso, sim, do possessivo nosso. O que podemos dizer ser nosso? Nada temos em comum. Nem mesmo o mundo é nosso, uma vez que cada um tem o seu. Tenho raiva do seu medo, e do seu tanto ter a perder. Você começou a me envenenar com seus delírios. O que é que temos a perder? Em verdade vos digo, o que é que é nosso? Não temos nada, por isso que mais uma vez, usar o nosso é desnecessário.
Quero pedir só uma coisa, pare de passar seus medos pra mim, eu não preciso deles, e cada vez mais quando vejo os seus, eu tenho pena, pena de sermos tão geneticamente parecidos, mas cada vez mais utopicamente diferentes. Chore comigo. Choremos juntos a nossa decadência, a nossa decepção conosco mesmos.
09 dezembro 2006
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