25 abril 2007

O dia em que o amor me consumiu.


Seus olhinhos piscaram e ela mal entendia o que se passava. Friiiiio. Em suas mãos pulsava todo um amor que lhe prometera um certo alguém. Ela olhava seguramente para algum lugar que possivelmente não deveria sequer existir. Talvez aquela menina nem existisse. Se fosse uma menina. Se fosse uma humana. Se fosse algo. Olhei-a bem fundo nos olhos e mergulhei numa tormenta azul insustentável. Me afogava e ela não fazia nada para me ajudar. Olhei de fora de seus olhos marítimos e não me enxerguei. Onde eu estava?
Um prato. Em um prato, perguntaram-me certa vez, é capaz de coexistir um grande amor. Eu não soube responder na época. Hoje sei que o amor é algo pequeno. E que qualquer compartimento no qual caiba um coração, nele também cabe o amor. Não que o coração seja mesmo a morada do tal sentimento. Mas nos impuserem que amamos com o coração, que nosso coração sente os nossos sentimentos.
Puxou pra trás seu boázinho de pele e pude ver em seu pescoço um marca de amor. Uma roxidão que só confirmava que ela era capaz de se fazer amar selvagemente. Amei-a barbaramente, ela nem se deu ao trabalho de corresponder. Dei-lhe meu coração, que agora, de dentro de seus olhos, sou capaz de ver sendo devorado pela boca que um dia eu já beijei. Sequer tive a sorte de suspirar. Estava ali, esparramado pelo chão, enquanto ela observava de boca cheia. Sangue. Que que é o sangue? Vida, que que é a vida? Que sou eu sem ela? Ela está lá, me devorando aos poucos, mas se faz isso é porque lhe pedi.
Friiiio. Estávamos presos eu e ela dentro de onde nem sei. Presos. Não tínhamos água, nem comida, só tínhamos a nós mesmos. Ela me abraçava forte. Eu segurava sua mão e dizia para ter calma, que nada poderia nos acontecer. Nosso amor era grande demais para nos permitir morrer. Friiiio. Abracei-a mais forte ainda. Ela dizia que eu a sufocava, mas se o fazia, era por tanto amor. Agora ela dizia que eu a deixava muito frouxa. Não entendia sequer as palavras que ela elaborava com tanta destreza sintática. Quanto tempo seríamos capazes de agüentar aquele frio?
Não agüentávamos mais de fome, de sede, mas ainda nos amávamos. Era o que importava, eu dizia a ela; ela concordava com a cabeça, mas em seus olhos, eu via uma reprimenda famigeradamente faminta. Seus olhos me devoravam, mas não metaforicamente. Ela literalmente queria me comer.
Amor, se formos morrer hoje, serei o cara mais feliz do mundo, pois morrei com você como eu sempre quis. Ela não respondia, mas eu via que para ela, não era bem assim. Virei para o lado e dormi. Queria simplesmente poder pensar que quando eu acordasse estaríamos a salvo. Acordei com uma pequena dor nos dedos. Que dedos? Ao olhar minhas mãos não fui capaz de enxergar prolongamento algum. Gritei de dor ao ver que estava sem meus dedos. Procurei-a com o olhar, cabeça baixa, mastigava algo. Ao se levantar pude ver em seu rosto muito sangue, e no canto de sua boca, uma unha. Entendi tudo e consenti. Ela foi me devorando. Ela sempre tivera feito isso. Nosso amor mais do que um mutualismo, era um parasitismo por parte dela. Se eu iria morrer mesmo, que fosse sendo digerido em seu estômago. Beijei seus lábios e senti meu gosto neles.
Sentei-me bem ereto e fui lhe dando de comer. Sua fome era selvagem. Comeu meus dedos para só depois pedir mãos e pés. Pedi-lhe apenas que deixasse a cabeça e o coração para o fim. Queria ver meu fim. Dei-lhe minhas pernas. E ela ia mascando minha carne feito chiclete. Sorvia meu sangue aos borbotões, e se lambuzava toda, verdadeira ébria tomando os últimos copos de vinho antes do gorfo. Seus olhos vidrados em meu corpo. Nunca me senti tão desejado em toda minha vida. Meu pinto e colhões não foi difícil de serem vistos comidos. Ela sempre tivera sua boca neles. Eu era só resíduos de um passado ser humano. Pedi que me comesse os lábios. Sugasse meu nariz. Implorei a ela que comesse também o meu cabelo. Ela ia me devorando. Era devastadora a sensação que ela ia me causando. Era o clímax da minha vida. O Auge. E tinha de ser bem daquele jeito?
Ela perguntou se eu queria cocaína, já que fora enchendo meu nariz dela, que ela conseguira arrancar meus dedos fora. Mas eu disse que não, que desde que tinha me visto sem os dedos, o efeito já havia passado, e que a dor que sentia era muito boa. Dor de quem se sente consumido pelo maior amor do mundo. Um amor que transcendia o espírito-carnal. Mas não era místico, nem animalesco. Era ser comido por aquela que eu sempre quis que me comesse todo. Ela arrancou meu coração e pôs num prato. O amor cabe num prato? Cabia, e caberia em lugar ainda menor, num ânus que o cuspiria depois. A última coisa que vi foram seus olhos. E fiquei neles, flutuando, e flutuando, e boiando. Num mar do amor sem fim.

24 abril 2007

A vida como ela é.

Sua contagem regressiva já tinha sido iniciada fazia um ano. Quando desse fato, ainda lhe restavam 3 anos, 11 meses e 28 dias. O fato em si é desimportante, mas ilustra a vida de Rodolfo. Acordou meio-dia como já era costume todos os Domingos sossegados. Pegou a odiosa revista semanal que ele recebia de graça, uma estratégia cheia de links e nomes falsos que lhe garantiu até então um ano da revista sem custo algum. Estava foliando-a quando sua mãe começou a lhe grasnar, não que ela fosse um ganso, mas como iriam sair pra almoçar com um parente que aniversariava, pontualidade era essencial. E ela cobrava até mesmo dele essa irritante pontualidade. Largou a revista de qualquer jeito e entrou no banheiro para tomar um banho. Levou consigo seu aparelho de MP3 e uma caixa de som. Tudo instalado, ligou o chuveiro, para esquentar, e sentou-se na privada para poder cagar e mijar como qualquer outra pessoa. Adolescente, transpirando hormônios, não se conteve, mesmo sabendo que estava tão atrasado, começou a se masturbar, lentamente. Sua namorada chegaria em uma semana. A alegria do menino se via pelo gozo que tinha ao pensar na menina, em como seria vê-la, como seria bom a transa deles. Pensava no belo corpo que “era” dele, nos seios de Bia, naquela bucetinha tão gostosa. E foi pensando, pensando e pensando. Até que sua mãe começou a esmurrar a porta. “Desse jeito você vai ficar, ouviu? Quer parar de se masturbar e entrar logo no banho, poxa, já disse que estamos atrasados e você insiste em atrasar ainda mais?” Ele nem sequer respondeu, talvez nem tenha escutado. Só ouvia os gemidos de Bia em sua fantasia. Até que gozou. Se limpou e entrou no banho. A música batia compulsivamente e ele cantarolava. Lavou-se todo, passou desodorante, colocou cuecas e o resto da roupa que separou depois de um trabalho genuinamente masculino, arrancou tudo da gaveta, pegou o que viu primeiro e vestiu e enfiou o resto do jeito que deu dentro da gaveta. Escovava os dentes quando sua mãe tornou a berra-lo. Era normal. Apenas o fato de que sabia que tinha menos de 4 anos de vida pela frente era o que o diferenciava do resto das pessoas "mais" normais. Entrou no carro e de cara já começou a tentar convencer sua mãe a deixa-lo dirigir. De que adiantava ter a permissão para dirigir com pais como aqueles? Seu pai estava trabalhando naquele dia, como sempre, mas isso não era motivo para comentário algum.
A estrada aquele dia estava tranqüila, foram indo sentido Rio de Janeiro pela Dutra. Até que chegaram numa placa que sinalizava a primeira entrada para Silveiras. Perguntou pra mãe se pegaria aquela, ela respondeu negativamente, falando que aquele desvio era muito esburacado e tal e mais. Na entrada que pegaram foi ele que reclamou da estrada “puta que pariu mãe, olha essa estrada, muito pior que a outra, quando eu vim com o vô da outra vez, aquele outro desvio estava muito melhor que essa merda aqui.”. A mãe não respondeu, só virou e mandou um olhar para ele que já dizia tudo, “quem está dirigindo aqui, hein?”.
Chegando na cidadezinha se perderam, como se perder numa cidade com menos de 5 mil habitantes? Isso ninguém sabia, mas eles se perderam. “Mãe, você tem certeza que sabe onde é a casa do Robertinho?” “Não sei Ro, mas pensa comigo, é um aniversário certo? Então, é só procurar uma concentração de carros né?”. A lógica da mãe sempre o matava de rir. Mas tudo bem, era domingo, pra que se preocupar com insignificâncias?
Finalmente acharam a tão esperada concentração de carros, depois de um longo percurso, claro, mas acharam. Foram entrando na casa, uma senhora casa, estilo colonial com tudo que tem direito, aquelas duas escadinhas na entrada que se encontram num patamar de frente pra porta e tal, janelões, um jardim imenso na frente, e como essas festas sempre são, um amontoado de pessoas conhecidas nas mesinhas que “ornavam” o jardim.
Fez as vezes de menino educado e cumprimentou todos, tomou a benção dos mais velhos, beijou as tias, primas, conhecidas, primas de primas... E foi procurar seus grupinhos de interação. Sim, ele era meio chato. Não interagia com todo mundo logo de cara, depois de algumas cervejas era o mais falante, mas no comecinho das coisas, sempre procurava algumas pessoas de sempre. Encontrou logo de cara um tio, muito doido, que andava, agora, falando de uma tal criação de sacis que tinha . Isso mesmo, o tio contava para todo mundo que estava criando sacis. Segundo ele, o mercado estava com um déficit muito grande. E eles, os sacis, eram ótimos doadores de órgãos. Pena serem de criação tão complexa e demorada. Os transplantes de perna eram um transtorno, pois sempre precisavam de dois sacis para fazer um par dessas, e como os sacis não têm perna direita, ele estava com uma nova tecnologia de modificação gênica para que os sacis nascessem com duas pernas. E ficaram nessas histórias.
Depois de beber muito, comer leitoa, frango ao molho pardo... Ele começou a conversar com uns primos sobre faculdade e tudo mais quando percebeu que já estava sentindo algumas dores. Ele fora diagnosticado com um tumor maligno no cérebro. Inoperável, intratável, além dos diversos outros in + substantivo + ável que os médicos falavam. Se revoltou com isso, chingou todo mundo e resolveu que não queria enfrentar porra alguma, só queria viver o resto de vida que ainda tinha.
Sempre que as dores vinham ele escolhia entre cheirar cocaína ou injetar heroína. E pronto. Suas dores passavam, ele ficava feliz. E esse era o ritmo de sua vida. Normal. Então, quando as dores vieram, ele simplesmente pediu licença aos primos e foi pro banheiro. Chegando lá sua madrinha perguntou se ele precisava de alguma coisa, se estava tudo certo. E para ele estava. Entrou no banheiro, fez suas 8 carreirinhas de sempre em cima da pia e com um canudinho próprio, de marfim, que ganhara de seu avô para esse fim, começou a cheirar as minhoquinhas de pó. Sua madrinha continuava na porta falando com ele. “Mas Ro, que que foi que aconteceu pra você querer desistir de nossa viagem pra Grécia?” “Ah... madrinha, você sabe como é né? Eu quase nunca vejo a Bia agora que ela começou a fazer Direito, então nem rola eu ficar longe dela.” “Ro, não seja cretino, eu já não te disse pra leva-la conosco?” “Disse, mas sei lá, não vai ficar foda pra você?” “Puta que o pariu, se eu disse pra levar é porque dá pra levar, que merda, porque que você tem que complicar tanto essas coisas tão fáceis?” Nesse meio tempo ele inalou mais uma carreirinha. Sua avó ia passando quando a madrinha a gritou. “Cecília, venha cá, você não quer falar presse imprestável do seu neto parar de ser fresco e levar logo a namorada pra Grécia conosco?” “Ai Ro, você é enrolado mesmo hein? A Leila aqui insistindo pra vocês fazerem a viagem e você de cu-doce desse jeito?”. Mas uma carreira se ia até ele poder dar a resposta. “Vó, não é cu-doce não, é que sei lá né? Eu já dou tanto trabalho pra vocês e ainda querem que dê mais um com essa viagem?” “Que trabalho que você dá, amor? Acho que você é o doente menos trabalhoso que a gente já viu.” “Ahhh vó, deixa disso, eu já soube que ontem quando a senhora foi comprar minha cocaína teve o maior rolo. Tiveram até que chamar o Tio Lelo pra tirarem você da cadeia. Hauahauahauahauahauahua. Mais foi engraçado, minha vó acusado de tráfico por comprar pó pro neto morimbundo. Hauahauahauahau.” “Ah Ro, isso nem é trabalho pra gente, você sabe muito bem. É até engraçado não é não Leila?” “Ixe Ro, tem vezes que eu até queria que você fosse mais fresco. Bem que qualquer dia desses você podia querer heroína de uma plantação de papoula zen-budista e me fazer ir até a China pra isso, que tal?” “Puta que o pariu hein? Nem falando sério vocês conseguem parar de me zuar né? Mas tá certo, a gente embarca semana que vem então. E eu aproveito no meio da viagem pra querer visitar a China, que tal?” “Hauahauahauahau, esse é meu afilhado!”.
Depois da conversa no banheiro voltaram todos para a festa, era a hora do parabéns. Sua Mãe chegou perto e falou, “Porra filho, limpa esse nariz direito né? Tá cheio de pó, não quer que batam aqui prendendo mais gente por tráfico quer?”.

21 abril 2007

25 ou 6 pras 4

Esperando o nascer do sol e saído da pior das orgias citadinas, eu fico a observar a caoticidade da cidade boçal. Entro na net e resolvo postar na porcaria de um blog às moscas. Silêncio. Fico sem saída, procurando o que dizer, mas não tenho nada quanto a isso. Saio do tatame que acabara de ser inalgurado por mim, Carmem, Carlinho, e Alice, além dos outros que eu não sei dizer o nome, e vou em direção ao farol. Ficou atônito ao olhar para aquela luz faiscante que fica dando de encontro com as faiscações do céu. E tentando dar de encontro com o céu fico prostrado eu. Minhas costas não agüentam mais, volto pro tatame e fico feito buda, dessa vez não tentando visualizar o cosmos universal, mas meu cosmos individual.
Olho no relógio e não sei se vejo um espaço de 25 sinalizações de minuto ou uma indicação de ser 6 para as 4 horas da manhã. Sei que no meu inconsciente, 25 ou 6 pras 4, indica muito mais do que uma incerteza horária. Mas o que eu não sei, meu cérebro resiste em me contar. Alice acorda e me envolve com as pernas. Sentado começo uma penetração rápida. Fico sentado, em posição meditativa, com as costas esticadas para trás, Alice parece o ponteiro dos segundos indicando o começo de um minuto novo, ereta. Não sei se 25 ou 6 pras 4. Sei que é muito boa a sensação que tenho. Alice me despindo de toda minha mundanidade para que possa encontrar meu próprio umbigo. Ela não era qualquer uma, primeiramente porque era minha. Depois porque me amava tanto que isso me doía fundo. Penetrei sua carne rubra ao mesmo tempo que ela penetrava meus pensamentos esquálidos. Odeio Alice. Mas como contar-lhe isso se ela me ama tanto? Mulheres que estão amando, precisam sempre ser amadas. Cada vez que isso não acontece, tufões atingem os Eua, tsunamis sugam para o mar a Ásia. O sentimento não correspondido de uma mulher é o efeito borboleta mais loquaz. Mais devastador. Efeito estufa nada mais é do que a soma de todas as decepções femininas.
Enquanto pensava em tudo isso meu olho vagava cegamente pelo céu, eu não queria, ou precisava, enxergar coisa alguma. E foi analisando o céu sem querer enxergar coisa alguma que aconteceu meu gozo. Coisa mais mecânica de todas. Mais mecânico que fazer salivar um cachorro é se fazer gozar; basta esfregar seu pênis por algum tempo que varia de pessoa à pessoa e pronto, a porra espirra. Mesmo sendo tão mecânico e simples, nunca vi algo tão bom. Mas meu gozar com Alice foi triste. Tive vontade de me gozar pra fora do mundo. Espirrar minha cara pra fora do corpo. Mais sei lá. Só de poder permanecer acordado já seria suficiente preu me satisfazer.
Quantos orgasmos eu seria capaz de ter? Será que eu deveria tentar alguns mais? 25 ou 6 pras 4, nem sei se ainda era. Sei que Alice veio. Eu não sabia mais se estava num quarto, numa praça. Só sei que eu girava e girava numa profusão sentimental. Numa vertigem sentimental, não amava Alice, gozava-a. Não me amava, me tinha. Ah... sei que tudo era bom. E gozei mais várias vezes.
Alice me olhava. E eu procurando o que dizer, continuo só esperando a ruptura do dia. Nem sei mais se são 25 ou 6 pras 4. Sei que dividir 25 gramas de cocaína não dá nunca 6 pra 4. E mesmo sendo um típico Cristo, eu não vi salvação nenhuma. Só 3 ponteiros: tronco, pernas e Alice.


Interpretação da música 25 or 6 to 4 – Chicago.


19 abril 2007

Uma frustração na cidade grande: ou de volta a Macondo.



Enfim volto a escrever, e escrevo para dizer que sou novamente um camponês infeliz, ou quase, só falta tirarem meus cigarros, minhas bebidas e minha mais nova mulher.
O que de fato me aconteceu foi um desvio de rota profissional, pois sim, larguei a tão amada e idolatrada faculdade de Direito, para voltar as insalubres salas de aula medíocre-preparatórias. Quem sabe esse ano, começarei a cursar Filosofia, e também quem sabe esse ano, terei sucesso na minha escolha e seguirei com ela até o final. Mas isso, só Deus sabe.
As mulheres, como todos sabemos, graças a Jah, são feito correnteza, vão e vão. Vir? Isso é coisa sobrenatural que só pessoas feito Jesus Cristo conseguem milagrosamente mudar. Acontece que no momento fui amarrado a uma correnteza que me leva e leva e leva. Pra onde? Isso nem eu mesmo sei, só sei que estou sendo levado.
A moral de tudo isso, é que não existe moral, muito menos final feliz em tudo isso. A sorte é que aqui em Lorena, igual em Macondo, coisas deliciosamente boas acontecem com os personagens. Bebidas alcoólicas saem das torneiras aos borbotões, orgias dionisíacas são freqüentes e lassidão mental nos acomete a cada dia seguinte que vivemos. Um verdadeiro paraíso àqueles que precisam de coisas como essa para criarem, não o meu caso. Já estou de volta a praticamente dois meses, e tirando as pseudo-poesias românticas que continuo a ejacular, esse será o primeiro texto a se concretizar. Espero que ele seja a bolsa que estoura antes de parirmos, ou dar-mos à luz, coisas muitas.
Eu tenho muitas coisas a contar, mas a lassidão mental voltou. Acho que vou falar sobre isso, não muito, mas o suficiente, espero. Em determinadas horas aqui na cidade o fluxo de bebidas alcoólicas pelos canos diminui, caso a ser investigado, uma vez que ninguém sabe o porquê, e no lugar de deliciosos destilados ou fermentados, um líquido diferente toma o vazio dos canos, então, quando bebemos da torneira, sem perceber a diferença, entramos num estado de lassidão, não imediatamente, uma vez que outros fenômenos juntos é que criam essa sensação.
Após bebermos, inocentemente, o líquido estuporante, nada sentimos. Acho que por sempre nos encontrarmos em verdadeiro estado de coma alcoólico. Então, breves segundos de verdadeira inspiração nos acomete, como esse que me levou a começar a escrever. Por fim, no meio de criações espetaculares, vários concidadãos escutam um breve silvo, e param tudo o que estão fazendo, criações maravilhosas são perdidas, para simplesmente deitarem-se. Muitos, como eu, fazem isso em grupo, pela cidade mesmo já foram espalhadas várias espreguiçadeiras, camas e afins. Simplesmente nos encontramos num mesmo estado e resolvemos compartilhar de um mesmo repouso. O problema desse fato é que, passada nossa dormência , nosso apetite sexual sofre um estonteante desenfreiamento e é aí que começamos as orgias pela cidade. Um decreto de nosso Rosadíssimo Prefeito foi baixado em nosso favor, uma vez que o desejo que nos acomete é causado pela própria empresa de abastecimento e saneamento. Mas vai explicar isso pras enfermeiras que reclamam cada vez mais da alta taxa de natalidade. Mas vamos levando nossas vidas. Aqui tudo é muito fácil, como por exemplo, o fato de que serei um futuro pai em casos de 7 ou 8 meses, dependendo da mãe. Não é lindamente comemorativo isso? Serei pai. Aha haha aha.

15 janeiro 2007

Amor a toda pena.



Estou com uma dúvida complicada, escrevo esse texto preocupado com regras, ou descambo de vez pra liberdade que eu consegui? Bem, se a liberdade textual fosse quista por mim agora, eu deveria usá-la, mas não vou. Gosto de escrever o melhor que posso.
A última vez que escrevi ainda era ano passado. Agora já é ano presente, mas não estou tão afim de escrever não. Sei lá, já tá meio tarde, meus dedos ardem, meu pulso lateja, conspiração para que não haja produção literária.
Acho que só estou escrevendo mesmo, para dizer que voltarei a escrever em breve.