21 abril 2007

25 ou 6 pras 4

Esperando o nascer do sol e saído da pior das orgias citadinas, eu fico a observar a caoticidade da cidade boçal. Entro na net e resolvo postar na porcaria de um blog às moscas. Silêncio. Fico sem saída, procurando o que dizer, mas não tenho nada quanto a isso. Saio do tatame que acabara de ser inalgurado por mim, Carmem, Carlinho, e Alice, além dos outros que eu não sei dizer o nome, e vou em direção ao farol. Ficou atônito ao olhar para aquela luz faiscante que fica dando de encontro com as faiscações do céu. E tentando dar de encontro com o céu fico prostrado eu. Minhas costas não agüentam mais, volto pro tatame e fico feito buda, dessa vez não tentando visualizar o cosmos universal, mas meu cosmos individual.
Olho no relógio e não sei se vejo um espaço de 25 sinalizações de minuto ou uma indicação de ser 6 para as 4 horas da manhã. Sei que no meu inconsciente, 25 ou 6 pras 4, indica muito mais do que uma incerteza horária. Mas o que eu não sei, meu cérebro resiste em me contar. Alice acorda e me envolve com as pernas. Sentado começo uma penetração rápida. Fico sentado, em posição meditativa, com as costas esticadas para trás, Alice parece o ponteiro dos segundos indicando o começo de um minuto novo, ereta. Não sei se 25 ou 6 pras 4. Sei que é muito boa a sensação que tenho. Alice me despindo de toda minha mundanidade para que possa encontrar meu próprio umbigo. Ela não era qualquer uma, primeiramente porque era minha. Depois porque me amava tanto que isso me doía fundo. Penetrei sua carne rubra ao mesmo tempo que ela penetrava meus pensamentos esquálidos. Odeio Alice. Mas como contar-lhe isso se ela me ama tanto? Mulheres que estão amando, precisam sempre ser amadas. Cada vez que isso não acontece, tufões atingem os Eua, tsunamis sugam para o mar a Ásia. O sentimento não correspondido de uma mulher é o efeito borboleta mais loquaz. Mais devastador. Efeito estufa nada mais é do que a soma de todas as decepções femininas.
Enquanto pensava em tudo isso meu olho vagava cegamente pelo céu, eu não queria, ou precisava, enxergar coisa alguma. E foi analisando o céu sem querer enxergar coisa alguma que aconteceu meu gozo. Coisa mais mecânica de todas. Mais mecânico que fazer salivar um cachorro é se fazer gozar; basta esfregar seu pênis por algum tempo que varia de pessoa à pessoa e pronto, a porra espirra. Mesmo sendo tão mecânico e simples, nunca vi algo tão bom. Mas meu gozar com Alice foi triste. Tive vontade de me gozar pra fora do mundo. Espirrar minha cara pra fora do corpo. Mais sei lá. Só de poder permanecer acordado já seria suficiente preu me satisfazer.
Quantos orgasmos eu seria capaz de ter? Será que eu deveria tentar alguns mais? 25 ou 6 pras 4, nem sei se ainda era. Sei que Alice veio. Eu não sabia mais se estava num quarto, numa praça. Só sei que eu girava e girava numa profusão sentimental. Numa vertigem sentimental, não amava Alice, gozava-a. Não me amava, me tinha. Ah... sei que tudo era bom. E gozei mais várias vezes.
Alice me olhava. E eu procurando o que dizer, continuo só esperando a ruptura do dia. Nem sei mais se são 25 ou 6 pras 4. Sei que dividir 25 gramas de cocaína não dá nunca 6 pra 4. E mesmo sendo um típico Cristo, eu não vi salvação nenhuma. Só 3 ponteiros: tronco, pernas e Alice.


Interpretação da música 25 or 6 to 4 – Chicago.


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