10 outubro 2006

Decisão



Se choro por amor, é porque meu amor-próprio não é narcisista. Se canto tanta dor é porque no fundo, no fundo, eu sou um masoquista. O mundo é triste, pois nele eu fiquei único. Sozinho num lugar que todos me odeiam. Eu sou um mero alguém que gosta de gostar de tudo. Todos me odeiam, pois hoje, iguais a mim, estão todos extintos. Não existiram ONGs que os protegessem. Não houve banda de rock que lhes fizesse campanha. Os escritores que os mencionavam, coitados, eram tão mal interpretados que viraram estereótipos. Morreram meus irmãos, fiquei só. Hedonista exclusivo. O mundo nos perdeu. Eu precisaria chorar, mas o choro não me dá prazer. É por isso que escrevo, exortando, tenho quase que um orgasmo, mentira, multiplicidades dele.
Mas agora não resta mais nada a ser feito. Já saí do estado de excitação, estou calmo, escrevo, preparo um bule de chocolate quente, já limpei um papaia inteiro para mim. Estou tranqüilo, pois consegui ter prazer com minha dor. Consegui torná-la pública a todos vocês. São o meu PÚBLICO. Posso até dizer que deviam sentir-se honrados, afinal, vocês me dão prazer. Tornam capaz a minha existência. Hoje eu sou completo por tê-los comigo.
Preciso contar como me dei conta do que sou. Acordei e desesperado com o atraso como sempre, fui tomar um banho correndo. Mas então pensei, pra que a pressa? Onde está o prazer em fazer tudo tão correndo? Freiei-me e comecei a ter orgasmos mentais. Sabe, consegui me entender. E isso era muito difícil até então, uma vez que eu não uma pessoa muito fácil. Saindo do banho gritei muito, urrei, fiquei pelado no corredor do meu prédio. Andei aos borbotões. Pulava. Tudo era motivo para ter prazer. Peguei o telefone e liguei para uma pessoa, que se sentiu muito feliz em poder me ajudar. Transamos. Transamos como eu nunca havia transado em toda a minha vida. Senti seu corpo sobre o meu e deliciei-me com seus seios. Ela era linda e se sentia capaz de me abarcar com seu corpo todo. Disse-lhe minha nova experiência e a fiz capaz de sentir o mesmo que eu. Ela urrou. Fiquei tão assustado que comecei a meter-lhe mais forte e ela não parava de urrar. Caímos da cama e começamos a nos foder em todo canto. Em cima do teclado do computador. Dentro da geladeira, na pia, em cima de uma vassoura, seja tentando nos equilibrar sobre ela, ou com ela deitada sobre ela e eu sobre ela que estava em cima dela. E era assim mesmo, confuso. Maluco e louco.
Ela gozou mais oito vezes e eu já nem tinha mais uma verdadeira ereção. Mas era bom ainda assim. Resolvemos que seríamos liberais. Só nos preocuparíamos com nossos prazeres, nossas satisfações. Entretanto o mundo não é mais um mundo seguro para nós. Clara resolveu que precisava se arriscar, com todos e em todos os lugares. Coitada eu penso agora. Teve uma morte triste. Trepando com um limpador de janelas tiveram um orgasmo tão forte que se espatifaram no solo ao caírem do décimo quarto andar. E foi assim que descobri que eu era hedonista e também foi assim que percebi que era o único. Que só seria quem eu ensinasse, mas hoje eu tenho medo de ensinar qualquer um que seja, tenho medo de formar um exército de suicidas e acabar por exterminar o ser humano.

Um comentário:

VyGui disse...

"fiquei pelado no corredor do meu prédio"
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
ta.. eu confesso q eu não dei a mínima atenção pra o q vc estava 'sentindo' em quanto escrevia isso.
Eu só lia, e imaginava as cenas
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

manooo.. rachei de mais agora.!

:Pp